Mercado é uma instituição social
que realiza a coordenação das trocas entre os indivíduos. O mercado reúne, de
um lado, nossas habilidades e, de outro, nossas necessidades.
Funciona assim: cada um de nós possui
certas capacidades. Somos eletricistas, advogados, vendedores, pintores,
médicos, etc. Porém necessitamos de uma grande quantidade de serviços e
produtos durante um único dia em nossas vidas.
Perceba a quantidade de coisa que
está diante de você enquanto lê este texto. Imagino que tenha mesa, esta mesa
deve ter recebido camadas de produtos e serviços como lixa, polimento, pintura.
As roupas que está usando reúnem uma série de outros produtos como a fabricação
do tecido, o desenho da roupa, a costura, a tintura, etc.
Tanto a reunião dos elementos que
resultaram na fabricação da mesa quanto da roupa incluíram também certa
quantidade de pessoas que transportaram produtos para fabricar cada um dos instrumentos
usados para produzir sua mesa e roupas. E a coisa se repete: as transportadoras
usaram outra série de produtos de terceiros.
Este é o princípio do da economia
de mercado: cada um de nós oferece uma habilidade ou uma propriedade e em troca
atende suas necessidades.
É importante ficar atento para
uma conseqüência especial: numa economia de mercado as relações que temos se
dão através de mercadorias.
Mercadorias são as coisas que
levamos ao mercado sejam elas habilidades (de pintar ou cantar, por exemplo) ou
propriedades (como os itens de uma loja, por exemplo) e também aquilo que
corresponde as nossas necessidades e que será oferecido pelos outros.
Numa economia de mercado o
dinheiro também é uma mercadoria, a mais especial de todas. Antes da invenção
do dinheiro as pessoas precisavam encontrar exatamente um companheiro de trocas
que ao mesmo tempo quisesse o que elas ofereciam e possuir precisamente o
produto ou habilidade que interessava. A existência do dinheiro torna cada um
de nós um mediador para os demais.
Perigos
A existência da economia de
mercado faz do capitalismo um sistema de altíssima capacidade de eficiência e expansão.
Por outro lado, é exatamente este o maior problema de uma economia de mercado.
Já vimos que a propriedade
privada, na medida em que cria o lucro (e também o salário), oferece um grande estimulo
ao capitalista para que ele inove continuamente a produção de riqueza da
sociedade e partir daí dê início a transformações em todas as dimensões da sociedade.
Este estímulo faz com que na
economia de mercado tudo, absolutamente tudo, possa se converter numa
mercadoria. Vejamos um exemplo. Imaginemos que você seja queira dizer a uma
pessoa que você a ama. Infelizmente, porém, você entende que não é capaz de
dizer o tanto que você ama. Talvez porque você é uma pessoa tímida. Talvez
porque você ama demais e simplesmente não consegue dar a dimensão de tanto
amor.
Numa sociedade capitalista isto
não é um problema, ao menos a princípio (já, já vamos dizer porque). Em nossa
sociedade há empresários que perceberam que podem alcançar aquele lucro que
está no coração do capitalismo atendendo exatamente esta necessidade, que você
tem (hipoteticamente falando).
Deste modo se você quer dizer a
uma pessoa que a ama e acha que não consegue, não se preocupe, o mercado transforma
isto numa mercadoria que você pode comprar, seja com uma telemensagem, seja com
um telegrama ao vivo.
A questão, porém, é que esta capacidade da economia de mercado em transformar tudo em mercadoria transforma a nós mesmos, os seres humanos, em mercadorias.
Considere o exemplo da malharia
que propomos quando falamos da propriedade privada. Na ocasião consideramos uma
empresa que tinha um proprietário e dez trabalhadores.
O proprietário atende suas
necessidades via mercado oferecendo um produto, malhas. Os trabalhadores,
entretanto, só têm a oferecer ao mercado a sua força de trabalho. Por isso se diz
que existe um mercado de trabalho no qual se compra e vende força de trabalho,
capacidade de trabalho, habilidades profissionais.
Raciocinando com nossa malharia
hipotética podemos considerar que dos 10 trabalhadores empregados um deles seja
designe e outro dos dez seja um zelador. Você pode imaginar que estes dois
trabalhadores oferecem habilidades diferentes e por isso eles são mercadorias
diferentes. Isto quer dizer que eles, suas habilidades, tem valores diferentes,
são premiados com salários diferentes, e muito provavelmente esta diferença
será bastante considerável.
Em conseqüência disso estes dois
trabalhadores terão capacidades também diferentes de atender suas necessidades
quando se apresentarem no mercado como compradores. Ou seja, há uma grande
probabilidade de estes dois trabalhadores não se reencontrarem fora do
trabalho. É razoável imaginar que eles morem em bairros diferentes, que usem
hospitais diferentes, que seus filhos estudem em escolas diferentes, que usem
roupas diferentes, etc.
Num mundo em que tudo pode se
transformar em mercadoria isto é claramente um problema.
Você pode explicar o por quê?
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