Capitalismo e sociologia
O mundo moderno é o mundo criado pelo capitalismo. O nascimento do mundo moderno, que
vimos na segunda unidade, através do desenvolvimento e também da mistura de
urbanização e de industrialização e mais individualização e secularização foi
uma condição para o surgimento da sociologia.
A idéia de uma ciência para
estudar a sociedade já existia, mas ela só se estabelece na prática com a
sociedade moderna. Mais até que isto: a sociologia nasce como um instrumento para
lidar com o mundo moderno.
Para reconhecer isto basta lembrarmos
qual a definição mais comum do que seria a sociologia: seria o estudo da
sociedade. Neste caso isto quer dizer que seria a ciência que ajudaria a
entendermos como funciona a sociedade.
Conforme vimos no filme Daens –
um Grito de Justiça, no século XIX o mundo moderno se estabelecia. Porém isso
acontecia de um modo assustador, através dos chamados problemas sociais, mesmo
nas nações mais ricas.
Cartaz do Filme “Daens – um grito de
justiça”
A sociologia ajudaria a
compreender porque a sociedade passava por este momento. Na verdade esta
ciência da sociedade faria mais que isto, ela seria semelhante a instrumento de
conserto, que ajudaria a resolver os problemas sociais: iria esclarecer como
funciona a sociedade e indicaria o que deveria ser feito para que as coisas
funcionassem corretamente.
Hoje em dia ainda alimentamos
esta mesma crença na ciência, na sua capacidade de resolver nossos problemas. A
sociologia, porém, já não se pensa e nem é reconhecida da mesma forma.
Esta crença na ciência que está
na história da sociologia tem um representante especial em um francês chamado
Augusto Comte.
Augusto comte (1798 –
1857)
Comte criou a teoria que é a
principal corrente de pensamento que entende a ciência como um instrumento
capaz de mudar nosso mundo. Esta teoria, ou doutrina, foi o positivismo.
O positivismo foi uma doutrina
filosófica que dizia que seríamos capazes de criar um conhecimento verdadeiro,
independente de nossas características individuais. Existem implicações desta maneira
de conceber a ciência, mas não trataremos delas aqui. Apenas deixamos
registrado que esta idéia, de que é possível um conhecimento verdadeiro
(positivo, como se dizia na época), é fundamental para que se possa esperar que
uma ciência da sociedade possa responder aos problemas sociais que nasciam com
a sociedade moderna.
Além de ser o principal
representante deste espírito da época que esperava da ciência uma resposta para
os problemas do mundo moderno, Comte também é lembrado na história da
sociologia por outro motivo, foi ele quem criou a palavra sociologia.
O positivismo no Brasil.
A doutrina positivista que participa
do nascimento da sociologia teve uma grande importância política, especialmente
na América Latina. No caso do Brasil, os grandes eventos políticos da segunda
metade do século XIX, o movimento abolicionista e o movimento republicano, eram
liderados por positivistas.
Os positivistas fizeram outros
tipos de intervenções na história do Brasil. Por exemplo, o engenheiro Raimundo
Teixeira Mendes, um maranhense da cidade de Caxias e sobrinho do poeta Gonçalves
Dias, um positivista, foi quem apresentou ao recém estabelecido governo republicano
um projeto que alterava a bandeira brasileira.
A bandeira criada por Teixeira
Mendes trás a marca do positivismo com uma adaptação do lema política de
Augusto Comte que era: “O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso
por fim”.
Nossa bandeira ficou com o já
conhecido “Ordem e Progresso”, mas sem o amor...
Busto de
Teixeira Mendes (1855 – 1927)
Mais
informações na Wikipédia
Outra herança dos positivistas na
forma como entendemos nossa história diz respeito ao grande mártir brasileiro,
o Tiradentes.
Em dado momento Comte resolve que
o positivismo deve também se converter numa religião. Nesta fase ele faz uma
adaptação de um instrumento bastante comum entre os católicos que é o de
guardar a memória de certos indivíduos cuja devoção a Deus e também cujas
demonstração de fé são relevantes e significativas para a Igreja, estes
indivíduos são os santos.
Comte pretende fazer algo
semelhante a canonização dos santos. Sua idéia é que a Igreja do Apostolado Positivista
possa promover a memória dos grandes nomes da humanidade, de indivíduos que contribuíram
para o bem comum ao longo da história.
No caso do Brasil, com o
movimento republicano, este hábito positivista vai recriar a imagem de
Tiradentes. Até então Joaquim José da Silva Xavier era um ilustre desconhecido
e por motivos razoáveis.
O crime que o condena, no ano de
1792, é o crime de lesa-majestade. Este é o nome dado ao crime que se comete
contra a pessoa do Rei/Rainha, que no caso era a Rainha de Portugal D Maria I.
Esta Rainha foi a mãe e D. João VI e assim avó de D. Pedro I e bisavó de D.
Pedro II. Sabendo que são os descendentes de D Maria quem lideram a independência
do Brasil compreende-se por que Tiradentes não é lembrado pela história do
Brasil durante todo o Império.
Foram os positivistas que “ressuscitaram”
Tiradentes. Em sua versão positivista ele é apresentado com um cidadão exemplar
cuja coragem de lutar contra os opressores e seu destemor em morrer pela liberdade é
destacada.
Estes atributos podem ser
reconhecidos inclusive nas imagens que temos dele. Abaixo vemos duas imagens famosas de
Tiradentes.
Martírio de
Tiradentes, óleo sobre tela de Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo (1854 —
1916).
Fonte: wikipédia
Óleo sobre
tela de Leopoldino de Faria (1836-1911)
retratando a
Resposta de Tiradentes à comutação da pena de morte dos Inconfidentes.
Fonte:
Wikipédia
Percebe ambas as imagens
apresentam Tiradentes associando-o a grandes nomes da cultura ocidental. No
primeiro quadro ele se parece com Jesus. No segundo fica retratado numa cena
que lembra as descrições do julgamento do filósofo grego Sócrates.
texto muito bom me ajudou bastante, obrigada :)
ResponderExcluirOnde esta o capitalismo ?
ResponderExcluirOnde esta o capitalismo ?
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