quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A história da sociologia no início do capitalismo moderno


Capitalismo e sociologia

O mundo moderno é o mundo criado pelo capitalismo. O nascimento do mundo moderno, que vimos na segunda unidade, através do desenvolvimento e também da mistura de urbanização e de industrialização e mais individualização e secularização foi uma condição para o surgimento da sociologia.
A idéia de uma ciência para estudar a sociedade já existia, mas ela só se estabelece na prática com a sociedade moderna. Mais até que isto: a sociologia nasce como um instrumento para lidar com o mundo moderno.
Para reconhecer isto basta lembrarmos qual a definição mais comum do que seria a sociologia: seria o estudo da sociedade. Neste caso isto quer dizer que seria a ciência que ajudaria a entendermos como funciona a sociedade.
Conforme vimos no filme Daens – um Grito de Justiça, no século XIX o mundo moderno se estabelecia. Porém isso acontecia de um modo assustador, através dos chamados problemas sociais, mesmo nas nações mais ricas.

Cartaz do Filme “Daens – um grito de justiça”

A sociologia ajudaria a compreender porque a sociedade passava por este momento. Na verdade esta ciência da sociedade faria mais que isto, ela seria semelhante a instrumento de conserto, que ajudaria a resolver os problemas sociais: iria esclarecer como funciona a sociedade e indicaria o que deveria ser feito para que as coisas funcionassem corretamente.
Hoje em dia ainda alimentamos esta mesma crença na ciência, na sua capacidade de resolver nossos problemas. A sociologia, porém, já não se pensa e nem é reconhecida da mesma forma.
Esta crença na ciência que está na história da sociologia tem um representante especial em um francês chamado Augusto Comte.

Augusto comte (1798 – 1857)

Comte criou a teoria que é a principal corrente de pensamento que entende a ciência como um instrumento capaz de mudar nosso mundo. Esta teoria, ou doutrina, foi o positivismo.
O positivismo foi uma doutrina filosófica que dizia que seríamos capazes de criar um conhecimento verdadeiro, independente de nossas características individuais. Existem implicações desta maneira de conceber a ciência, mas não trataremos delas aqui. Apenas deixamos registrado que esta idéia, de que é possível um conhecimento verdadeiro (positivo, como se dizia na época), é fundamental para que se possa esperar que uma ciência da sociedade possa responder aos problemas sociais que nasciam com a sociedade moderna.
Além de ser o principal representante deste espírito da época que esperava da ciência uma resposta para os problemas do mundo moderno, Comte também é lembrado na história da sociologia por outro motivo, foi ele quem criou a palavra sociologia.


O positivismo no Brasil.
A doutrina positivista que participa do nascimento da sociologia teve uma grande importância política, especialmente na América Latina. No caso do Brasil, os grandes eventos políticos da segunda metade do século XIX, o movimento abolicionista e o movimento republicano, eram liderados por positivistas.
Os positivistas fizeram outros tipos de intervenções na história do Brasil. Por exemplo, o engenheiro Raimundo Teixeira Mendes, um maranhense da cidade de Caxias e sobrinho do poeta Gonçalves Dias, um positivista, foi quem apresentou ao recém estabelecido governo republicano um projeto que alterava a bandeira brasileira.
A bandeira criada por Teixeira Mendes trás a marca do positivismo com uma adaptação do lema política de Augusto Comte que era: “O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim”.
Nossa bandeira ficou com o já conhecido “Ordem e Progresso”, mas sem o amor...


Busto de Teixeira Mendes (1855 – 1927)
Mais informações na Wikipédia

Outra herança dos positivistas na forma como entendemos nossa história diz respeito ao grande mártir brasileiro, o Tiradentes.
Em dado momento Comte resolve que o positivismo deve também se converter numa religião. Nesta fase ele faz uma adaptação de um instrumento bastante comum entre os católicos que é o de guardar a memória de certos indivíduos cuja devoção a Deus e também cujas demonstração de fé são relevantes e significativas para a Igreja, estes indivíduos são os santos.
Comte pretende fazer algo semelhante a canonização dos santos. Sua idéia é que a Igreja do Apostolado Positivista possa promover a memória dos grandes nomes da humanidade, de indivíduos que contribuíram para o bem comum ao longo da história.
No caso do Brasil, com o movimento republicano, este hábito positivista vai recriar a imagem de Tiradentes. Até então Joaquim José da Silva Xavier era um ilustre desconhecido e por motivos razoáveis.
O crime que o condena, no ano de 1792, é o crime de lesa-majestade. Este é o nome dado ao crime que se comete contra a pessoa do Rei/Rainha, que no caso era a Rainha de Portugal D Maria I. Esta Rainha foi a mãe e D. João VI e assim avó de D. Pedro I e bisavó de D. Pedro II. Sabendo que são os descendentes de D Maria quem lideram a independência do Brasil compreende-se por que Tiradentes não é lembrado pela história do Brasil durante todo o Império.
Foram os positivistas que “ressuscitaram” Tiradentes. Em sua versão positivista ele é apresentado com um cidadão exemplar cuja coragem de lutar contra os opressores e seu  destemor em morrer pela liberdade é destacada.
Estes atributos podem ser reconhecidos inclusive nas imagens que temos dele.  Abaixo vemos duas imagens famosas de Tiradentes.

Martírio de Tiradentes, óleo sobre tela de Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo (1854 — 1916).
Fonte: wikipédia

Óleo sobre tela de Leopoldino de Faria (1836-1911)
retratando a Resposta de Tiradentes à comutação da pena de morte dos Inconfidentes.
Fonte: Wikipédia


Percebe ambas as imagens apresentam Tiradentes associando-o a grandes nomes da cultura ocidental. No primeiro quadro ele se parece com Jesus. No segundo fica retratado numa cena que lembra as descrições do julgamento do filósofo grego Sócrates.

3 comentários:

Olá,
Fique a vontade para usar este espaço, ele é seu.
Peço apenas que evite o plágio.
Este espaço só terá sentido se o seu texto expimir o seu pensamento.
No mais: Desus é bom, e isto basta!

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