As mudanças sociais não acontecem livremente. Sempre enfrentam certas barreiras, que são de dois tipos principais.
Algumas barreiras às mudanças sociais são obstáculos. Este tipo de barreira se deve a presença em alguma sociedade de características estruturais, ou seja estão inscritos no tipo de desenho que aquela sociedade apresenta. Vejamos um exemplo, o da abolição do regime de escravidão no Brasil.
A escravidão no Brasil durou três séculos. Todavia ao longo do século XIX foi crescendo um movimento, o abolicionista, de oposição ao regime escravocrata.
Todavia as possibilidades de sucesso do movimento abolicionista esbarravam num dado estrutural da sociedade brasileira da época. É que toda a riqueza era gerada pelo trabalho escravo, especialmente nas regiões onde havia a produção do produto mais importante da economia brasileira, o café.
A partir da segunda metade do século XIX alguns eventos colaboraram para a abolição. O primeiro foi a proibição, pela Inglaterra, do comércio de escravos. A mais poderosa marinha daquele período policiava a costa africana e a também ao longo das Américas e confiscava os navios negreiros e suas “mercadorias”. Outro evento foi a chamada lei do sexagenário, segundo a qual o escravo que atingisse sessenta anos seria declarado livre. Finalmente, a lei do ventre livre implicava que não seria mais possível aumentar o número de escravos promovendo a “reprodução” das “peças”. (Para saber mais sobre o abolicionismo, clique aqui.)
Em resposta o governo brasileiro, em parceria com fazendeiros plantadores de café, criou na Europa agências de captação de trabalhadores interessados em migrar para o Brasil. Com isso foi possível trazer ao Brasil milhões de trabalhadores. Isto significava a remoção do abstáculo que havia para a abolição pois, no ano de 1888 era possível realizar a troca do trabalho escravo pelo trabalho assalariado, ao menos nas principais áreas de plantação de café.
Outro tipo de barreira para a mudança social são as resistências. Ao contrário dos obstáculos que são parte da estrutura, as resistência são a oposição consciente e ativa das pessoas que não concordam com as mudanças sociais.
Nos últimos dias uma polêmica tomou conta da disputa presidencial que ilustra perfeitamente as resistências à mudança.
Até a semana da votação no dia 31 de outubro se imaginava que a candidata Dilma Roussef iria ganhar a eleição no primeiro turno por uma grande diferença em relação aos demais. Mas isso não ocorreu. Uma das explicações para isto é o aparecimento, na semana da votação, do vídeo ao lado.
Os cristãos brasileiros, católicos e protestantes, teriam mudado o voto em função das opiniões da candidata em relação a legislação vigente sobre o aborto.
Hoje o aborto é definido como crime. Só é permitido nos casos em que a gravidez oferece risco de vida para a mãe ou quando a gravidez é devida a casos de estupro. Dilma Roussef entende que o aborto deve deixar de ser considerado crime e ser entendido como uma opção da mulher que não pode ser punida. Esta é tipicamente uma posição das feministas, discurso político das mulheres – veja mais aqui.
Ocorre que os cristãos, e também outras religiões, entendem que a prática do aborto é um ato que implica a morte de um inocente e por isso não aceitam a revisão da atual legislação.
Deste modo, o resultado esperado para o primeiro turno das eleições foi alterado pela resistência dos cristãos às opiniões de Dilma, favoráveis a mudanças sociais – no caso a descriminação do aborto.
Esta questão é também importante para pensarmos os tipos de atitudes frente as mudanças sociais.
Atitudes frente as mudanças sociais.
Segundo a atitude diante das mudanças sociais as pessoas podem ser classificadas da seguinte forma:
Reacionários – Pessoas que não aceitam as mudanças sociais. Podemos citar como exemplos os cristãos protestantes dos Estados Unidos que criaram a associação racista Ku Klux Klan (saiba mais clicando aqui) – veja foto a esquerda. Esta associação não aceita a possibilidade da convivência de negros e brancos como iguais.
Conservadores – Pessoas que não querem a mudança – usando o exemplo acima do aborto e as eleições presidenciais, os cristãos são conservadores.
Reformistas ou progressistas – Pessoas que querem ou promovem as mudanças – ainda com o mesmo exemplo, seria o caso de Dilma Roussef e as feministas.
Revolucionários – Pessoas cujo desejo de mudança é radical, se dedicam as mudanças como quem as exige. Um exemplo de projeto revolucionário que promoveu de maneira vitoriosa as mudanças que defendia é a revolução cubana, liderada por Fidel Castro. Na foto ao lado aparecem o atual presidente de Cuba, Raul Castro e Che Guevara.
Cuba é a única ditadura em todas as américas. Para saber mais sobre a realidade de Cuba hoje você pode ler o blog Generacion Y, de Yoani Sanches
Classicamente as atitudes diante das mudanças sociais são usadas para classificar as pessoas segundo suas posições políticas. Na verdade, na linguagem politicas as pessoas são classificadas como sendo de esquerda ou de direita, havendo extremos num caso e no outro. A esquerda corresponde a posição dos progressistas e a direita corresponde aos conservadores. Reacionários são extremistas de direita e revolucionários são extremistas de esquerda.
Vale notar que Reacinário e Reformistas, mesmo estando em posições diferentes apresentam algo em comum. Ambos são violentos ou apresentam disposição para tanto, conforme nossos exemplos dos cristãos da Ku Klux Klan e os revolucionários cubanos.
muito bom o texto!...obrigada;me ajudou bastante..
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